JOVENS & MISSÃO

Somos jovens! Somos Cristãos! Somos Missionários! Queremos ter sempre o coração e o espírito jovens, abertos e disponíveis ao mundo, à humanidade, à Missão, a Cristo. Procuramos viver na alegria, na esperança, no compromisso, no serviço. Só assim se "vive ressuscitado" com Cristo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Isto Inclui-me


Tempo e/ou trabalho

Recebi hoje um mail de uma amiga. Não resisto, e deixo aqui o essencial da sua mensagem. Também vós podeis aproveitar o importante:

“Sabemos que nenhuma grande conquista se consegue sem muito trabalho e perseverança e isso toca a todos, incluindo justamente os que, por diversas razões, estão mais fragilizados.Por tudo isto, e porque reconheço que sou uma das pessoas privilegiada pelo afecto e apoio da família que inclusivamente me dá condições para que eu possa, com ajuda de amigos, apoiar outras pessoas, tenho de divulgar esta msg.

A POBREZA É UMA REALIDADE SIM, pode estar mais perto do que supomos.
URGE INTERVIR DE FORMA ORGANIZADA E PRAGMÁTICA.
ISTO INCLUI-NOS A TODOS, SEM EXCEPÇÃO. LAMECHICES FORA, ACÇÃO SOLIDÁRIA SIM.

Portugal é um país com baixa consciência cívica da importância da solidariedade social, falo pelo que já observei lá fora em acções de voluntariado, mas uma coisa é certa: quando nos aplicamos estamos ao nível dos melhores, mesmo com baixíssimos orçamentos e falta de pessoal. Informem-se junto de diversas associações à vossa escolha, porque é possível ajudar e por vezes com muito pouco, que nem tem de ser dinheiro, pode ser, em vez disso, o vosso TEMPO ou TRABALHO”.

Para saber mais



 

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bispo de Cartum


Visita por Darfur

O bispo auxiliar de Cartum, D. Daniel Marko Kur Adwok, começa sexta-feira uma visita de dez dias a Portugal para falar sobre a situação dramática do Darfur.
O Bispo tem sido uma voz incómoda para o regime, denunciando as falhas da governação sudanesa na construção de um país próspero e pacífico, e acusando o governo sudanês de "querer fazer do Sudão um Estado islâmico custe o que custar". Sustenta ainda que há a tentativa de "fazer reviver a civilização árabe e islâmica no Sudão, sem espaço para quaisquer outras religiões ou culturas".
Na visita do prelado a Portugal, promovida pela organização Ajuda à Igreja que sofre, o prelado manterá encontros com diversos responsáveis da Igreja e participará em conferências e no lançamento de dois livros.
Em quatro anos de guerra civil, a violência na região do Darfur causou 2,4 milhões de deslocados e refugiados e mais de 400 mil mortos, número que as autoridades sudanesas alegam ser apenas nove mil.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que iniciou a sua intervenção em Portugal em Outubro de 1995, faz parte da Plataforma por Darfur, que se propõe dar auxílio de emergência às crianças da região e sensibilizar a sociedade portuguesa para situação de urgência humanitária.

 

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Dois Bravos

Liberdade e respeito

A declaração “Dignitatis Humanae”, sobre a liberdade religiosa, embora de parto difícil – dada a forma negativa como tinha sido encarada durante séculos -, foi um acontecimento profético, uma bênção para apropria Igreja. Fê-la compreender que não pode ser livre se não lutar pela liberdade de todos. Uma instituição religiosa que não respeita e valoriza, de forma crítica, a religião dos outros, desqualifica-se precisamente enquanto religião. Quando, pelo contrário, vai até ao ponto de reconhecer e respeitar as minorias – religiosas ou não -, confessa uma divindade que não faz acepção de pessoas ou de grupos porque já se curou da vontade de poder, do desejo de dominar.


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Mesmo depois da catástrofe interminável da invasão do Iraque, pelas tropas Anglo-americanas, a coberto de uma grande mentira e da vontade de dominar, continua a defender-se a invasão do irão, facilitada pela retórica dos seus dirigentes em relação á bomba atómica. A verdade é que esta nunca esteve em boas mãos e não deve ser tolerada em nenhum país. Enquanto for o privilégio de alguns, será sempre a cobiça de outros. O Conselho Ecuménico das Igrejas, num comunicado de 28 de Setembro, fez muito bem e recusar a regulação pela força, de uma crise relativa ao programa nuclear do irão.


Frei Bento Domingues em Público de 25.11.2007

 

domingo, 25 de novembro de 2007

Fé e Missão pelo darfur


Uma Hora por amor

Não fomos só nós. Muitos grupos se associaram ao Fé e Missão e realizaram a “hora por Darfur”.
Uns com mais gente, outros com menos, o importante foi que o Darfur esteve presente, pelo menos durante uns instantes no pensamento, nos olhos, na boca, nas mãos, no coração de um grande grupo de Portugueses.
A comunicação social, sobretudo a rádio ajudou a que esta iniciativa fosse conhecida e participada. Chegam ecos de muitos lados. E a onda continua. Estão já marcados outros lugares, no próximo fim de semana e mais tarde ainda, porque o tempo já estava ocupado neste fim de semana. Mas é sempre bom o momento a dedicar a uma causa de solidariedade.
Quem quiser, pode ainda fazer parte desta corrente, ser um elo de ligação ao Darfur.
O silêncio mata, mas a tua voz pode salvar.

Aqui algumas fotos da hora em Coimbra e Famalicão.






 

Abraço a Darfur

Contar a sua história

“Nada podemos fazer por estas meninas, excepto contar-vos a sua história.” Era assim que os jornalistas da reportagem, “Darfur: Chamamento á consciência”, manifestavam a sua participação na informação, sensibilização, divulgação e resolução futura da tragédia do Darfur.
Nós vimos hoje essa reportagem. Imagens inimagináveis para o nosso século.
Reunimo-nos na Sé Nova em Coimbra, rezámos uma hora e meia por e com o Darfur. Oração simples, mas cheia de vida e criatividade.
Serve para alguma coisa? Certamente sim.
Que é que os jornalistas do canal Odisseia fizeram para ajudar as meninas e mulheres violadas? Os homens torturados? Os rapazes mortos? Aparentemente nada. E no entanto, muito.
Não deram dinheiro, nem comida, nem roupas. Não meteram na prisão os autores dos crimes. As mortes continuam. Não resolveram a situação. Mas deram a informação, falaram, divulgaram. E por isso nós estivemos lá hoje.
Com a nossa acção, e a de muitos outros, nesta noite ou noutras noites, também outros mais farão algo. Falarão, divulgarão, informarão. É a nossa parte para a paz no Darfur. Pode não ser muito. É mais do que nada. Eu acredito que vale a pena, é útil, trará certamente resultados.
Obrigado a todos os que participaram e se solidarizaram.

Um abraço ao Darfur.

 

sábado, 24 de novembro de 2007

Dá-nos a Paz


Fé e Missão

Estamos em pleno encontro Fé e Missão. E para começar visionámos o filme Shooting Dogs sobre o genocídio no Ruanda. Depois de tanto horror, só tenho vontade de rezar esta oração pela paz, na esperança de poder adormecer sem o pesadelo das imagens que mostram o lado inhumano da humanidade.

Dai-nos, Senhor,
a paz que vos pedimos.
A paz sem vencedor e sem vencidos.
Que o tempo que nos deste
seja um novo recomeço
de esperança e de justiça.
Dai-nos, Senhor,
a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos Vosso mandamento
Para que venha a nós o Vosso Reino.
Dai-nos, Senhor,
a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Fazei, Senhor,
que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos, Senhor,
a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos.

(Sophia de Mello B. Andresen)

 

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Olha a hora


Uma Hora por Darfur

"A caminhar para o fim do mês, ouço vozes a dizer: mês falido e horizonte negro sem esperança de futuro. Humanamente falando, parece ser esta a única forma de pensar. Mas eu não fico pelo mesmo. Desconheço a forma e o segredo de tão denso mistério. Mas, como cristão, não posso resignar-me. Sei que Deus está do lado das suas criaturas e não pode querer o seu mal. Deus é amor e, na sua essência, não se negará a si mesmo.
O que temos diante dos nossos olhos não parece nem será, certamente, nada de bom para ninguém, excepto para os prepotentes e sanguinários que dirigem e movem os cordelinhos das marionetas da guerra. E nem mesmo esses estão ao alcance dos nossos limitados cálculos. Mas quando o meu olhar coincidir com olhar de Deus sobre o que acontece neste mundo, terei a bela surpresa de confirmar: balanço positivo. Mesmo para o Darfur".

P. Feliz Martins, Nyala – Darfur

É esta esperança que nos faz mover. No meio de um obscuro e misterioso futuro, nós queremos gritar que acreditamos. Acreditamos que com a nossa voz, unida à voz de muitos outros e unida à voz de Deus, há uma esperança para o Darfur, se nos quisermos.

Então junta-te a nós:
Sábado, 24 de Novembro, 21.30h
Sé Nova de Coimbra

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Pecado de omissão


Acreditar no positivo

Nestes últimos tempos têm-se sucedido iniciativas de acção pelo Darfur nas quais tenho participado. Há alguns aspectos que são comuns e aparecem sempre:

Primeiro, a gritante falta de informação e de conhecimento que a maioria tem do Darfur, ou nunca ouviu falar ou não sabe grande coisa do que se passa.
Segundo, a desconfiança em relação à nossa acção. “Vale a pena”? “Será que nos vão ouvir”?. Estas e outras interrogações desconfiadas surgem invariavelmente nas conversas.
Terceiro, a enorme sensibilidade que as pessoas manifestam quando começam a perceber o que se passa, os interesses internacionais por traz desta situação, a gritante injustiça que a comunidade internacional está a cometer pelo seu desinteresse. E daí a vontade, e para muitos, o compromisso de fazer algo, nem que seja só falar à família.

Há vários anos, numa entrevista na rádio com outra pessoa que “não era muito de Igreja”, falando justamente sobre a Igreja, essa pessoa dizia: “O maior pecado da Igreja é o pecado de omissão!” Assim sem tirar nem pôr.
Talvez seja verdade. Mas em relação ao Ruanda, em relação ao Darfur, o pecado de omissão, já não é só da Igreja! É da classe governante, é dos políticos, é da comunidade internacional, é de todos, é da humanidade.
Os “prepotentes e sanguinários” continuam a seu bel prazer a fazer o que querem, sem serem importunados.
E Isso é muito mais grave!


Termino com uma oração do P. Feliz Comboniano no darfur:
Faz-nos entrar em ti, ó Deus,
para vermos com os teus olhos
o bem que espera o Darfur,
através do mal que os homens lhe infligem.
Quero ter fé que tu nos surpreenderás
com um balanço positivo.
Amen.

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Esperança

Uma hora pelo Darfur

No próximo fim-de-semana, em vários locais do país, jovens e adultos mobilizam-se pelo Darfur.
Respondem ao convite da plataforma por Darfur para dedicarem uma hora por esta região do Sudão, martirizada por um conflito que dura há anos e que já matou perto de meio milhão de pessoas e deixou outros 3 milhões de refugiados e desalojados.
Em VN Famalicão, Coimbra e Santarém o grupo Fé e Missão lançou a iniciativa à qual aderiram outros movimentos. Em Coimbra será na Sé Nova, organizada pelo fé e Missão, secretariados diocesanos da pastoral juvenil e pastoral das vocações e o centro juvenil de S. José e destina-se a todos os grupos, movimentos da cidade de Coimbra.
Mas um pouco por todo o lado, neste fim-de-semana ou mais tarde, muitos grupos e movimentos estão em movimento para que este evento mobilize muitas pessoas de boa vontade. Queremos fazer ouvir a nossa voz, não no barulho, mas no silêncio da oração, da informação, da reflexão. Acreditamos que com este gesto somos úteis á causa do Darfur.
Aqui podes ver alguns dos grupos e lugares onde esta HORA se realiza. Junta-te a nós.
Juntos somos muitos e a nossa voz chegará aos céus, mas também ao coração dos homens.

 

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Vigilia por Darfur


Monte sacro pelo Darfur

No fim de semana 20 e 21 de Outubro, o Grupo Jovem Monte Sacro, realizou a sua Campanha pelo Darfur. Às 16h, os jovens encontraram-se na Igreja da Misericórdia para a preparação dos espaços.
No pequeno adro colocamos algumas tochas envolvidas em mantas de minho e uma faixa à entrada com uma pequena frase: "Por quem o mundo se esqueceu... Vigília de Oração por Darfur!". No interior, mantas pelo chão, lamparinas por todo o espaço, a tela para projecção. Ao meio um grande tronco com um globo ao cimo, de onde saiam as cinco faixas das cinco cores dos continentes.

Às 20h abrimos as portas. Apenas um foco de luz iluminava o tronco e globo com as cinco faixas. A música de fundo instrumental convidava ao silêncio, ao recolhimento interior. Às 21h00 iniciamos a nossa Vigília de Oração por Darfur, com a Igreja da Misericórdia composta de pessoas de todas as idades que responderam afirmativamente ao nosso convite... A intercalar com os textos bíblicos e orações, as vozes, as guitarras e os djambés, davam corpo aos cânticos preparados. O pequeno filme: "Save Darfur" emocionou os presentes, muitos não contiveram as lágrimas. No final, muitas pessoas regressaram a suas casas de cabeça baixa e em silêncio.
No dia seguinte, Domingo, montamos no átrio da Igreja da Misericórdia a nossa "barraquinha" de vendas com os artigos dos Missionários Combonianos e projectámos o documentário: "Chamados à consciência".

Foram muitas as pessoas que nos agradeceram por este fim-de-semana em que fomos todos nós convidados a gritar: Basta! Queremos Darfur livre, queremos um mundo livre!
Os nossos jovens do Grupo Monte Sacro sentiram-se, nestes dois dias, co-responsáveis em levar a voz de Darfur um pouco mais além... conscientes que são simples gestos, o pouco que temos ao nosso alcance para tanto horror que vivem os nossos irmãos em Darfur! Mas, estamos gratos aos missionários combonianos por nos darem esta possibilidade de sermos portadores da mensagem da Esperança por Darfur.


Bem hajam
Que Deus vos ajude a todos

 

domingo, 18 de novembro de 2007

Médio oriente

Renasce a esperança

Encontro importante esta segunda feira entre o presidente da autoridade palestiniana, Mahamud Abbas e o primeiro ministro Israleita, Ehud Olmert. Está em jogo o futuro das relações Israelo-palestinianas e por isso a paz no médio oriente.
As divergências são ainda muitas, sobretudo no que diz respeito ao calendário das etapas a realizar para atingir a paz total. No entanto, o facto de as duas personagens mais importantes dos dois campos se encontrarem é um passo significativo neste caminho difícil e tortuoso.
Em 1994, as duas delegações, Israelita e Palestiniana, tinham certado nos estados unidos o processo de paz. Mas o assassinato do primeiro ministro israelita de Então, Itzac Rabin, que

Em setembro de 1993, Isac Rabin, primeiro ministro israelita, e Yasser Arafat, chefe da OLP, assinaram os Acordos de Oslo na Casa Branca. Israel reconhecia a Organização para Libertação da Palestina - OLP como representante da causa palestina, dando alguma autonomia à Autoridade Nacional Palestina – ANP. Os palestinos renunciavam a direitos sobre territórios. Parecia que finalmente a paz voltaria depois de décadas de guerra. Em novembro de 1995, o primeiro-Ministro israelense Isac Rabin é assassinado por um judeu ultra-ortodoxo, sendo sucedido por Shimon Peres. O processo de paz sofre um rude golpe e seguem-se anos de avanços e recuos.

Com este encontro volta a esperança de vermos ultrapassadas as grandes divergências e renascer a esperança da paz para o médio oriente num futuro próximo.

 

Exodo


Um sonho impossível

Não é segredo para ninguém que o governo sudanês procura e provoca ocasiões de conflitos entre as várias etnias para intervir quando lhe apetece: “estavam a matar-se entre eles e nós só quisemos ajudar”.
Os desalojados são pessoas carregadas de sofrimento no corpo e no espírito, com os nervos à flor da pele. Pequenas rixas, facilmente, se transformam em verdadeiros conflitos de mão armada. O acampamento de Kalma foi pressionado várias vezes pelas forças do governo que agora intervieram com os dois mísseis e um batalhão pronto para o que fosse necessário. Os feridos (muitos por queimaduras) foram às centenas e os mortos, felizmente, não passaram de 10.
E o grande êxodo começou... Olhando de longe as estradas ou caminhos, largos ou estreitos que fossem, não havia um palmo de chão que não fosse coberto pelo ondular do trânsito nunca previamente visto nesta cidade. Veículos abarrotados de gente, camas, tachos e panelas, cestos e baldes, sacos de plástico e nylon, meninos e avós aninhados e encolhidos que espreitavam os mirones que os viam passar sem nada poder senão desejar-lhes que Deus e a sua justiça estivessem do seu lado. Eram Camiões e furgonetas, camelos, carroças de cavalos e burros. Pertenciam às tribos zaghaua e Rezeighat. Cerca de 35 mil pessoas, um terço dos desalojados que residiam no acampamento de kalma. O êxodo já ia no sexto dia. As ruas da cidade nunca se viram tão cheias como nesses dias. Foi aí que os meus ouvidos captaram, casualmente, parte da resposta: “voltar para a minha aldeia destruída? Um sonho impossível para mim. Seja, ao menos, uma realidade para os meus filhos.”

P. Feliz Martins

 

sábado, 17 de novembro de 2007

Kalma


Nazihin

Kalma é um dos lugares por onde passo frequentemente. Nas suas várias entradas vejo multidões que se acumulam numa extensão de 2 Kms. À procura de viver!
Os mais pequenos brincam e estorvam os mais velhos que descarregam troncos de árvores, das poucas que ainda resistem de pé aqui à volta. São destinadas à fogueira abafada, só de fumo, donde hão-de sair transformadas em carvão. Desta forma, o deserto será cada vez ainda mais deserto no nosso Darfur. Sim, todos sabemos disso. Mas, que fazer? Estas criaturas sobrevivem com um trabalho nada louvável, o deserto aumenta a olhos vistos e, no fim de contas, ainda condenados à fome.
A ocupação de outros é fazer tijolos. Junto-me com eles e observo o seu trabalho. Há, também, quem trabalhe nos fornos de tijolos que fazem com barro ‘avermelhado’, a alguns kms de distância do campo. Estes são os tijolos ‘vermelhos’, que a gente mais abastada pode comprar.
Vejo mulheres que se afastam com o machado ou a sachola ao ombro. Vão procurar lenha e trabalho nos campos dos senhores árabes. Sentem o perigo e o risco de serem presa fácil da prepotência dos Janjauid que, a qualquer momento podem surgir. Assunto frequente de notícias: mulheres violadas, espancadas e abandonadas à morte. Mulheres que deixam como herança aos seus queridos o luto transformado em ódio, num sem fim de lutas e batalhas que fazem parte da calamidade humanitária do Darfur.
De volta para a missão há sintomas de perigo. Aqui e além há grupos que se vão formando. Ouvem-se comentários a meia voz. Já em casa, não quero acreditar no que o meu colega – o irmao Bepi Parisi – me diz, ao chegar de Talata, localidade a 2 kilómetros de Kalma. “O tiroteio continuou para além de três horas; dois mísseis voaram na direcção de Kalma, onde explodiram. As manchas de fumo que se viram no ar fazem-me pensar o pior” , - conclui o irmão missionário.
“Nazihin” (= desalojados) é uma palavra que devia ser retirada do dicionário” – afirmou, há alguns dias atrás, o presidente El Bashir à televisão nacional, tentando encobrir a verdade desta horrenda e vergonhosa situação. Mas viesse ele, o milagre de não ter que ser mais desalojado. Porém, o que está a suceder é precisamente o contrário. O campo de desalojados de Kalma tem crescido de uma forma assustadora. Só não rebentou pelas costuras porque a imensidão do deserto-savana à sua volta a todos acolhe sem oferecer resistência.

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Jamic


Equipa coordenadora

Sábado, dia 21, de manhã, realiza-se o encontro da equipa coordenadora do JAMIC, nos Missionários Combonianos, no Areeiro.
Este encontro já foi adiado, por razões de outros compromissos. Desta vez é o grupo de Rio de vide que não poderá estar presente por causa da iniciativa que vão desenvolver este fim-de-semana.
Queremos fazer a avaliação do encontro nacional no dia 6 de Outubro e de todas as actividades realizadas até agora. Vamos também projectar o futuro.
Para quem não conhece e quer ter mais informações, pode ver aqui e aqui.

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Igreja portuguesa


Mais Deus e menos Igreja

Os nossos bispos estiveram em Roma em visita ao papa. Das muitas actividades que constam da visita há o encontro pessoal de cada bispo com o papa sobre a vida de cada diocese: as iniciativas, os compromissos, as relações clero-laicado, as vocações, as obras sociais, os cristãos, …
No fim de tudo, habitualmente o papa comunica as suas impressões, aponta pistas de reflexão e/ou acção. Enfim, é realmente uma partilha de vida, de responsabilidades, de preocupações, anseios e esperanças.
Na sua nota aos bispos portugueses o papa apontou duas linhas de acção que me parecem merecer atenção. Não aqui, porque não há espaço nem peso mediático, mas certamente nos círculos eclesiais:
“… a confissão mais frequente nos lábios dos cristãos foi falta de participação na vida comunitária,… É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II,…”
“À vista da maré crescente de cristãos não praticantes nas vossas dioceses, talvez valha a pena verificardes «a eficácia dos percursos de iniciação actuais, …”
Além de outros pontos importantes, como os ministérios ordenados, o anúncio evangelizador centrado sobre Deus e não sobre a Igreja, … os dois pontos acima referidos são de suma importância: A falta de participação dos cristãos na vida da comunidade e os percursos de catequese “intragáveis”, impossíveis, completamente fora da realidade.
Apetece-me dizer que a igreja não tem crise de vocações (acredito que Deus oferece á sua Igreja as vocações de que precisa!), mas sim crise de PASTORAL. Parece-me que as palavras do papa sublinham isso. A nossa igreja precisa de se transformar, de “recentralizar” a sua fonte e o seu fim, actualizar a sua linguagem e os seus meios, precisa sobretudo de se preocupar mais de Deus e menos dela.
E precisa de tomar consciência que a Igreja somos todos nós. A responsabilidade é de todos, …certamente guiados pelos nossos bispos.

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Maia - Via Verde


Encontro de Jovens

No próximo domingo dia 18, realiza-se na Maia mais um Via Verde – Encontro geral de jovens. Um dia com a Missão.
O encontro destina-se a jovens dos 15 aos 30 anos e terá como tema: “Com Cristo rasga horizontes à criatividade”. Continuaremos a campanha pelo Darfur. O objectivo é viver um dia de encontro com o Darfur, encontrar ideias e maneiras de realizar algumas iniciativas nas paróquias de cada jovem, comprometer-se, como cristão, a agir em favor desta causa importante hoje no mundo e na humanidade.
Através do conhecimento, reflexão, oração e convívio, vamos ao encontro do Darfur, vamos trazer o Darfur até nós, para sermos a voz dos que não têm voz. Vamos fazer o silêncio gritar, para que o drama humanitário, que vivem milhões de pessoas, não passe despercebido, não fique esquecido.

 

terça-feira, 13 de novembro de 2007

S. Martinho

Rio de Vide em Festa

O grupo JAMIC de Rio de Vide vai promover uma festa de S. Martinho. O programa é recheado de diversas actividades. Nós associamo-nos a eles e convidamos quem quiser a passar por lá. Certamente não faltará também uma "barraca" pelo Darfur. Do grupo recebi o texto que segue:
Como já deve ter visto no nosso blog, andamos bastante atarefados com a nossa Feira de S. Martinho. Em todo o caso, envio-lhe o cartaz em anexo. Esta feira vai na sua 5ª edição. Começou apenas como ponto de encontro para as crianças, famílias e pessoas de toda a paróquia. E se no início era apenas só um convívio, hoje, dizemos com a maior sinceridade que é a única forma que temos de suportar as despesas da nossa catequese. E de conseguirmos nós gerir as nossas contas. E isto só é possível com a ajuda de todos.
Contudo, e como gostamos de honrar os nossos compromissos, não nos temos, nem por sombras, esquecido do JAMIC. Vamos ter na nossa feira o tal espaço Jamic, vocacionado para o projecto que abraçámos até ao fim do ano, o projecto do Darfur.
Temos já algumas cartas que eu própria deixarei aí em casa ainda esta semana. Esta iniciativa fez sucesso ao ponto, de uma menina da catequese se ter comprometido a levar o projecto “Por amor… Uma Carta” até à escola dela. Espero que dê resultados.
Iremos também fazer a HORA, no dia combinado, mas só iremos “publicitá-la” depois da feira, aqui na paróquia tem de ser uma coisa de cada vez.

Não estamos parados, nem mortos, estamos apenas, e como sempre, com imenso trabalho e com pouca ajuda.
O tema do JAMIC para Outubro/Novembro, trabalhado pelo grupo da Lousã, já se encontra no blog há algum tempo, e brevemente iremos postar o resto.
A iniciativa “Pontes na cidade” foi também transmitida a todo o pessoal, mas com o trabalho que temos tido, não foi possível ir ninguém.
Aproveito para reconvidar todos a vir participar na Feira de S. Martinho. E se alguém quiser vir ajudar, será igualmente bem-vindo.

 

Haskanita


A guerra continua

É uma tenda branca como a meia centena de outras suas irmãs que compõem o acampamento das Forças da União Africana (UA). A diferença está somente no seu interior. É a tenda-igreja que acolhe, quase todos os domingos, várias dezenas de soldados da paz – os capacetes verdes – para a celebração da eucaristia.
Primeiro domingo de Outubro. Já passa das 7 da manhã e o carro da UA (União Africana) não chegou. Ouço o Irmão Beppi que me chama para tomar o café e, logo a seguir, comenta: “É compreensível; hoje não poderão pensar em vir buscar o padre para a missa. Nestes dias o estado de alerta é máximo. Dez mortos e 40 desaparecidos no ataque em Haskanita foi um golpe forte de mais para eles”.
A notícia do ataque à localidade de Haskanita já corria no mundo da internet, enquanto a gente nas ruas de Nyala ainda vivia de boatos e incertezas. Dias mais tarde foi a vez da pequena cidade de Muhagiria e a aldeia de Kashalangó, lugares bem sentidos na geografia do nosso Darfur Sul. Se bem que as tropas da UA aqui não sofreram perdas foram, no entanto, impotentes para evitar o massacre. Quarteirões inteiros incendiados, bombas que caem indistintamente sobre grupos de pessoas que gritam e correm à procura de um imaginável refúgio. “O que interessa ao governo é que a terra fique livre de etnias nao desejadas”. Palavras que ouço com tristeza de quem nada pode para inverter a situação.
P. Feliz Martins

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Retaxo


Fim de semana por Darfur

O acolhimento foi fantástico, tanto da Elsa e família, como do pároco e paroquianos. Assim foi o fim-de-semana pelo Darfur, nas paróquias do Retaxo e Cebolais de cima.
No sábado á noite, afrontando o frio que se fazia sentir, marcaram presença uma trintena de pessoas no encontro sobre o Darfur. Escutámos, dialogámos, inteirámo-nos da situação desesperada desta região. Nas eucaristias do domingo aproveitou-se também para rezar, informar e sensibilizar para esta nobre causa, com a presença de mais gente. No domingo á tarde, durante uma hora, mais um bom grupo de pessoas passou, vendo a exposição, tomando conhecimento com algum material informativo sobre o Darfur. Ao longo de todo o tempo promovemos a petição, a carta, a hora e o projecto da escola para Nyala.
Ficou a semente e a promessa de dia 24 as duas paróquias se juntarem para a Hora pelo Darfur. Depois deste fim-de-semana, será certamente mais um momento de graça para todos.
Ganhou-se ainda a possibilidade de um Grupo de jovens JAMIC, a partir do grupo de acólitos da paróquia do Retaxo.
O meu muito obrigado a todos os que tornaram possível este fim-de-semana.

 

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Arca de Zoé


Credibilidade abalada

“L’ Arche de Zoé” – Arca de Zoé é uma ONG Francesa, criada em 2004 aquando do Tsunami na Ásia. Um dos seus campos de acção é no Chade onde está presente com o nome de Rescue Children.
No fim de Outubro esta associação ficou conhecida em todo o mundo, quando um avião fretado pela ONG foi impedido de levantar voo em Abeché, uma cidade no deserto Chadiano. A bordo, além da equipagem e alguns jornalistas, uma dezena de voluntários da associação e 103 crianças entre os 3 e 8 anos.
O objectivo confessado do presidente da ONG, Eric Breteau, era retirar do Darfur – Sudão algumas 10.000 crianças órfãs, vítimas da guerra e da fome, das quais estas seriam o primeiro grupo. Confirma-se praticamente todas as crianças habitavam o Chade e não o Darfur, a maioria tinha pensos onde não haveria feridas, muitas foram aliciadas com rebuçados e promessas de podre ir à escola, quase todas tinham algum familiar próximo.
Como é que se chegou a esta situação? Para onde iriam as crianças? Quais as responsabilidades dos voluntários da ONG? Qual o papel das autoridades Francesas e Chadianas em todo este complicado processo? São algumas das muitas perguntas admitidas.
No entanto, creio que podemos tirar algum ensinamento:
Em que situação ficam as centenas de ONGs que actuam no Darfur, e no mundo inteiro? Certamente numa situação não muito cómoda. Este acontecimento, por mais desculpas que se queiram encontrar (muito dificilmente!) é um mau contributo á credibilidade, já de si debilitada ultimamente, da acção das ONGs.
Não podemos generalizar é verdade. Isso não impede que, num tempo em que tudo se generaliza, provavelmente a acção humanitária em geral e as ONGs em particular sofrerão certamente algumas consequências. Oxalá não sejam muito pesadas.

 

Biblia


Principe admirável

O povo que andava nas trevas viu uma grande luz;
habitavam numa terra de sombras,
mas uma luz brilhou sobre eles.
Multiplicaste a alegria,
aumentaste o júbilo;
alegram-se diante de ti
como os que se alegram no tempo da colheita,
como se regozijam os que repartem os despojos.
Pois Tu quebraste o seu jugo pesado,
a vara que lhe feria o ombro
e o bastão do seu capataz,
como na jornada de Madian.
Porque a bota que pisa o solo com arrogância
e a capa empapada em sangue
serão queimadas e serão pasto das chamas.
Porquanto um menino nasceu para nós,
um filho nos foi dado;
tem a soberania sobre os seus ombros,
e o seu nome é:
Conselheiro-Admirável, Deus herói,
Pai-Eterno, Príncipe da paz.
Dilatará o seu domínio com uma paz sem limites,
sobre o trono de David e sobre o seu reino.
Ele o estabelecerá e o consolidará com o direito e com a justiça,
desde agora e para sempre.
Assim fará o amor ardente do Senhor do universo.

Isaías 9, 1-6

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Atenção e acção

Faz ouvir a tua voz

Finalmente! O Darfur começa a ser falado, e não só por causa das más notícias. Iniciativas de informação e sensibilização têm decorrido por todo o país.
No dia 28 de Outubro, na Maia, mais de 400 pessoas participaram numa acção solidária com o Darfur.
Ainda ano fim-de-semana passado em Coimbra, mais e 100 jovens se encontraram tendo como pano de fundo o Darfur.
Na mesma altura em Nogueira do Cravo, Oliveira de Azeméis um grupo de jovens mobilizou dezenas de pessoas para esta causa.
Em Aldeia , Anadia, foi toda a paróquia que durante um fim de semana viveu anestesiada com o Darfur.
No próximo fim-de-semana é Retaxo e Cebolais de cima, em Castelo Branco que organiza uma sessão de sensibilização. Dia 18, de novo na Maia, mais um dia de acção juvenil para sensibilizar pelo Darfur. São momentos e acções que ficam, interpelam, mobilizam.
Dia 24 vários grupos por todo o país se mobilizam, para dedicar UMA HORA pelo Darfur. Aqui em Coimbra, os secretariados diocesanos da pastoral juvenil e da pastoral das vocações, o centro juvenil da paróquia de S. José e os Missionários Combonianos, conjugam esforços para organizar a HORA em Coimbra e mobilizar todas as paróquias da diocese a fazerem algo.
De todo o país se associam grupos para abraçar esta causa e realizar alguma acção nas paróquias, escolas, associações. Já é tempo da fazer ouvir a nossa voz

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Carta


Se nós quisermos

Exmos Senhores,

venho até vós com o coração a sangrar e a alma em ferida. Isto porque não posso compreeender como é que podemos querer mais progresso quando, ao nosso lado, encontramos irmãos nossos a morrer de fome, na mais pura das misérias, em consequência de uma guerra em que são inocentes!
Como é possível dormirmos descansados ao sabermos desta realidade?! É mais fácil passar ao lado, fingir que esta situação não existe e continuar a querer sempre mais. E à custa do nosso bem-estar e progresso continuam a morrer tantos milhares por dia...
Por favor, deixemo-nos de hipócrisias! Se quisermos, se vossas excelências quiserem, podem salvar o Darfur! Façam todos os possíveis para tornar realidade a paz neste lugar esquecido por tantos!!!
Que o mundo possa ser agora e sempre uma casa acolhedora para todos!


Com os melhores cumprimentos me despeço,

Sandra Dantas

 

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Some Kind


Publicidade

Descobri recentemente um blog. À primeira vista parecia um daqueles sites de adolescentes, cheio de figures estranhas, cores a preto e vermelho a invocar o vampirismo, o hard rock, e outros que tais.
Entrei mais dentro. Fiquei surpreendido. A forma e os conteúdos não são nada aéreos, estranhos, ou grotescos. Têm sumo. Mostram alguém que sabe o que diz – melhor, o que escreve. Pelo menos no meu humilde julgamento.
E é por isso que o publicito aqui. Não digo mais. Mas convido a irem vê-lo. Não perdem nada.

 

Nova Pastoral


Coragem precisa-se

D. Carlos Azevedo é o secretário da conferência episcopal portuguesa (CEP). Numa longa entrevista à agência Ecclesia sobre a Igreja Católica em Portugal, teve uma frase que para mim acho fundamental, mas que, como muitas outras coisas fundamentais, risca de passar despercebida e de se perder nas no marasmo cristão.
É preciso dizer que a frase não é nova, mas tem seguramente mais peso e importância vinda de quem veio. Diz D. Carlos projectando a evangelização no futuro: “ Temos que reconsiderar a forma de fazer pastoral”.

Porque é assim tão importante? Porque a pastoral é a base de tudo. Na pastoral estão inscritos os grandes objectivos, as linhas de acção, as metodologias, os meios que se dão para reflectir, e agir em Igreja. Ora reconsiderar a pastoral é reconsiderar o que e como se está a trabalhar e a viver em Igreja: a liturgia, as vocações, a família, o social, as minorias, o relacionamento interpessoal, a fé vivida no dia-a-dia. Um exemplo: não podemos continuar a contabilizar os “católicos praticantes”, somente pela participação na eucaristia dominical. Até porque aí é um dos momentos da nossa vida em que não praticamos quase nada, a não ser um pouco de equilibrismo nas pernas quando estamos de pé, e do pescoço quando estamos sentados. A boca utiliza-se mais para bocejar que para cantar e custa-nos a descruzar os braços mesmo para o gesto da paz.

Ah! Só mais uma achega: é muito bonito dizer que temos que repensar a pastoral. Falta é saber se nas nossas dioceses e paróquias existe uma pastoral; e ainda que tipo de pastoral?!

 

domingo, 4 de novembro de 2007

Mórbidos


Cansados de más notícias

Como comentário ao post Pontes na cidade o Jimy escreveu: “Eu estive lá e devo dizer que simplesmente adorei, no entanto se há algo que me faz uma tremenda confusão é porque razão acontecimentos destes de intervenção social são sempre deixados 'ás escuras' em detrimentos de coisas 'banais'.
Não me lembro de ver um único canal televisivo a referenciar este encontro embora oportunidades para isso não tenham faltado...”

Acabo de ler na capa de uma revista missionária o título: “África cansada de más notícias”.

Durante os 10 anos que estive no Chade, trabalhou comigo uma média Alemã. Trabalhava no hospital da paróquia. De vez em quando para passar um pouco do serão aproveitávamos para visionar um filme. Convidávamo-la praticamente sempre sabendo de antemão a resposta: “se é um filme de amor ou utilidades, está bem, mas para ver sangue e violência já me chegam as horas no hospital”. E não via.

Lembro que no verão, fizemos uma caminhada jovem a Fátima durante três dias. O Objectivo era caminhar por e com o Darfur. A notícia passou em alguns meios de comunicação social. Na TV passou em 2 ou 3 programas secundários, daqueles que ninguém vê. No entanto na mesma altura, 8 escuteiros que iam para um acampamento tiveram um acidente rodoviário. O acontecimento passou em todos os canais televisivos no telejornal, durante 3 dias, e teve direito a directos.

Nós temos as notícias que procurámos. Hoje o que faz notícia é o mal, a morte, o sofrimento. Raramente a solidariedade, caridade, compromisso social.

E somos mórbidos. E comprazemo-nos na nossa “morbidade”.

 

Pontes na cidade


Uma ponte para o darfur

Cerca de uma centena de jovens reuniram-se este fim-de-semana em Coimbra, num encontro organizado pelo centro juvenil da paróquia de S. José.
A partir do tema “Pontes na cidade”, os promotores do evento propuseram estratégias, dinâmicas e actividades de modo a proporcionar a cada jovem atitudes de abertura, diálogo e encontro com os outros e a viveram diferentes momentos de encontro interpessoal, de oração e convívio.
A iniciativa, que teve como pano de fundo a situação dramática do Darfur, começou com uma mesa redonda na sexta Feira á noite, com a presença de D. Carlos Ximenes Belo, antigo bispo de Díli e do Dr. Rui Marques, alto-comissário para a imigração e minoria étnicas. A partir das suas experiências pessoais no processo de independência de Timor, ajudaram a compreender a situação do Darfur e convidaram os participantes a olhar o futuro com esperança e a creditar que podem ser a voz dos que não têm voz, neste caso particular do Darfur.
No sábado, uma oração pelo Darfur na ponte pedonal D. Inês, vários work shops e a vigília nocturna na sé velha mergulharam os jovens na realidade do Darfur, na necessidade e valor da oração pelos povos em questão e situações humanas dramáticas.
Foi mais um gesto, um momento, uma gota de água, para lembrar que o Darfur existe e que não podemos calar a nossa voz, para não sermos cúmplices deste genocídio.

 

sábado, 3 de novembro de 2007

Não te cales


Falta de informação

Auatif, não regressou. Quatro janjauid apareceram, montados em camelos. Agarraram-na, arrastaram-na por uns metros. Até que a ataram a um camelo. Ora de rastos, ora a caminhar. Caía, outra vez de rastos… Para onde? Para que? Para ser escrava dos senhores do Darfur: os janjauid. Com eles vale tudo, desde a violação ao espancamento, até deixar a presa inânime no chão, à mercê dos abutres e dos cães vadios.

Domingo, 28 de Outubro, nos Missionários Combonianos na Maia. 400 pessoas, crianças, jovens, mulheres e homens, reunidas na habitual festa missionária. Encontro sobre o Darfur. Quem já ouviu falar do que se passa no darfur? 9 pessoas levantaram o braço. Sim só 9 pessoas entre 400. Não conheciam, só alguma vez ouviram falar. E no entanto, nos últimos 4 anos são mais de 400.000 mortos e 2 milhões e meio de refugiados. Triste realidade. Porquê? Até quando? Será que ninguém vê?

Poderemos continuar a aceitar não sermos informados do que se passa? Sabia que os mortos e refugiados no Iraque não chegam a dez por cento dos números do Darfur? E no entanto, quem é que ainda não ouviu falar do Iraque? Porquê esta desigualdade na informação? Não são homens e mulheres como os outros? Como nós?

Informa, divulga tudo o que sabes sobre o Darfur. Interpela, denuncia a todos os que te podem ouvir. Tu tens voz. Não te cales!

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Filipinas


Missionário Comboniano premiado

O padre José Rebelo, 46 anos, dos Missionários Combonianos, foi premiado esta semana com um dos Catholic Mass Media Awards (Prémio dos media católicos), das Filipinas, atribuído pela fundação com o mesmo nome, uma das instituições mais prestigiadas do país. Entre 800 candidatos (um recorde de participação), incluindo os principais jornais, rádios e televisões do país, a World Mission, dirigida por José Rebelo, recebeu o prémio de melhor revista. A publicação imprime actualmente 9500 exemplares e foi fundada em 1989 por um outro português, o padre Manuel Augusto Ferreira, que dirige agora a Além-Mar, a revista dos combonianos portugueses. "O prémio reconhece o trabalho feito na remodelação gráfica e de conteúdos da revista", feita nos últimos dois anos, explica José Rebelo ao PÚBLICO. "Em cada número procuramos transmitir a paixão pela missão universal que nos anima. As Filipinas, apesar de ser um país considerado católico, ainda não se rendeu à ideia de missão além-fronteiras. Tudo é visto em chave caseira." Daí que o galardão seja sobretudo "importante na medida em que pode abrir algumas portas e facilitar a tarefa de divulgação da revista". José Rebelo esteve já como missionário no Traansval entre 1991 e 96, antes de regressar a Portugal para dirigir a Além-Mar, até 2004 (distinguida com o prémio dos Direitos Humanos sob a sua direcção). Em 2005 foi para director da World Mission. Manuel Augusto Ferreira disse ao PÚBLICO que o galardão é um "reconhecimento do lugar e da importância que a World Mission conquistou no contexto da Igreja Católica na Ásia". E acrescenta: "Não obstante as dificuldades, afirmou-se como uma revista missionária de qualidade nas Filipinas e noutros ambientes eclesiais asiáticos de língua inglesa."
António Marujo, in Público