Mórbidos
Como comentário ao post Pontes na cidade o Jimy escreveu: “Eu estive lá e devo dizer que simplesmente adorei, no entanto se há algo que me faz uma tremenda confusão é porque razão acontecimentos destes de intervenção social são sempre deixados 'ás escuras' em detrimentos de coisas 'banais'.
Não me lembro de ver um único canal televisivo a referenciar este encontro embora oportunidades para isso não tenham faltado...”
Acabo de ler na capa de uma revista missionária o título: “África cansada de más notícias”.
Durante os 10 anos que estive no Chade, trabalhou comigo uma média Alemã. Trabalhava no hospital da paróquia. De vez em quando para passar um pouco do serão aproveitávamos para visionar um filme. Convidávamo-la praticamente sempre sabendo de antemão a resposta: “se é um filme de amor ou utilidades, está bem, mas para ver sangue e violência já me chegam as horas no hospital”. E não via.
Lembro que no verão, fizemos uma caminhada jovem a Fátima durante três dias. O Objectivo era caminhar por e com o Darfur. A notícia passou em alguns meios de comunicação social. Na TV passou em 2 ou 3 programas secundários, daqueles que ninguém vê. No entanto na mesma altura, 8 escuteiros que iam para um acampamento tiveram um acidente rodoviário. O acontecimento passou em todos os canais televisivos no telejornal, durante 3 dias, e teve direito a directos.
Nós temos as notícias que procurámos. Hoje o que faz notícia é o mal, a morte, o sofrimento. Raramente a solidariedade, caridade, compromisso social.
E somos mórbidos. E comprazemo-nos na nossa “morbidade”.
Não me lembro de ver um único canal televisivo a referenciar este encontro embora oportunidades para isso não tenham faltado...”
Acabo de ler na capa de uma revista missionária o título: “África cansada de más notícias”.
Durante os 10 anos que estive no Chade, trabalhou comigo uma média Alemã. Trabalhava no hospital da paróquia. De vez em quando para passar um pouco do serão aproveitávamos para visionar um filme. Convidávamo-la praticamente sempre sabendo de antemão a resposta: “se é um filme de amor ou utilidades, está bem, mas para ver sangue e violência já me chegam as horas no hospital”. E não via.
Lembro que no verão, fizemos uma caminhada jovem a Fátima durante três dias. O Objectivo era caminhar por e com o Darfur. A notícia passou em alguns meios de comunicação social. Na TV passou em 2 ou 3 programas secundários, daqueles que ninguém vê. No entanto na mesma altura, 8 escuteiros que iam para um acampamento tiveram um acidente rodoviário. O acontecimento passou em todos os canais televisivos no telejornal, durante 3 dias, e teve direito a directos.
Nós temos as notícias que procurámos. Hoje o que faz notícia é o mal, a morte, o sofrimento. Raramente a solidariedade, caridade, compromisso social.
E somos mórbidos. E comprazemo-nos na nossa “morbidade”.
1 Comments:
De facto isso que acaba de mencionar é algo que digamos, 'resume' muito em pouco, as pessoas não se interessam por gestos de solidariedade ou amor, mais depressa ligam a reportagens que na maioria das vezes não passam de 'cópias' umas das outras, o que as pessoas precisam não é apenas de ver os problemas do mundo mas sim também como os poder ajudar a resolver, que instituições contactar, onde podem doer todo e qualquer material, desde comida a roupa, passando por material escolar ou mesmo brinquedos antigos que certamente fariam as delicias de centenas de crianças africanas que não têm muitas hipóteses de sorrir.
Mas o que se faz no fim de tudo isto? Na maioria das vezes, rigorosamente nada, pelo menos no que toca a iniciativa pessoal, o que vale por agora é que ainda há um grupo de pessoas que continua a acreditar que é possível mudar as coisas, são elas que no natal fazem as recolhas alimentares, de roupas, brinquedos, etc, são elas que tentam ajudar ao máximo os sem abrigo entre outras coisas, o Dr. Rui Marques referiu e passo a citar, embora possa não corresponder exactamente ás suas palavras 'A situação de Darfur tal como tantas outras não se resolve da noite para o dia, é preciso esforço e sacrifico, e quanto mais depressa nos mentalizarmos disso menos lentamente irá demorar a resolver(alguns) problemas do mundo.
O que falta é iniciativa, no entanto acredito que com o grupo que está formado em S. José do qual orgulhosamente faço parte e doutros não só de Coimbra mas também do Porto ou Lisboa, a geração que agora 'cresce' se mentalize que as pessoas que hoje organizam todas aquelas acções daqui a alguns anos talvez estejam impossibilitadas de as continuar a organizar e aí será necessário que outros 'tomem' esse papel, esses 'outros' teremos que ser nós invariavelmente. Quem diz daqui a uns anos, diz daqui a um ano ou dois, a questão é: 'Estaremos Prontos?'
Alegra-me pensar que sim.
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