Kalma
Kalma é um dos lugares por onde passo frequentemente. Nas suas várias entradas vejo multidões que se acumulam numa extensão de 2 Kms. À procura de viver!
Os mais pequenos brincam e estorvam os mais velhos que descarregam troncos de árvores, das poucas que ainda resistem de pé aqui à volta. São destinadas à fogueira abafada, só de fumo, donde hão-de sair transformadas em carvão. Desta forma, o deserto será cada vez ainda mais deserto no nosso Darfur. Sim, todos sabemos disso. Mas, que fazer? Estas criaturas sobrevivem com um trabalho nada louvável, o deserto aumenta a olhos vistos e, no fim de contas, ainda condenados à fome.
A ocupação de outros é fazer tijolos. Junto-me com eles e observo o seu trabalho. Há, também, quem trabalhe nos fornos de tijolos que fazem com barro ‘avermelhado’, a alguns kms de distância do campo. Estes são os tijolos ‘vermelhos’, que a gente mais abastada pode comprar.
Vejo mulheres que se afastam com o machado ou a sachola ao ombro. Vão procurar lenha e trabalho nos campos dos senhores árabes. Sentem o perigo e o risco de serem presa fácil da prepotência dos Janjauid que, a qualquer momento podem surgir. Assunto frequente de notícias: mulheres violadas, espancadas e abandonadas à morte. Mulheres que deixam como herança aos seus queridos o luto transformado em ódio, num sem fim de lutas e batalhas que fazem parte da calamidade humanitária do Darfur.
De volta para a missão há sintomas de perigo. Aqui e além há grupos que se vão formando. Ouvem-se comentários a meia voz. Já em casa, não quero acreditar no que o meu colega – o irmao Bepi Parisi – me diz, ao chegar de Talata, localidade a 2 kilómetros de Kalma. “O tiroteio continuou para além de três horas; dois mísseis voaram na direcção de Kalma, onde explodiram. As manchas de fumo que se viram no ar fazem-me pensar o pior” , - conclui o irmão missionário.
“Nazihin” (= desalojados) é uma palavra que devia ser retirada do dicionário” – afirmou, há alguns dias atrás, o presidente El Bashir à televisão nacional, tentando encobrir a verdade desta horrenda e vergonhosa situação. Mas viesse ele, o milagre de não ter que ser mais desalojado. Porém, o que está a suceder é precisamente o contrário. O campo de desalojados de Kalma tem crescido de uma forma assustadora. Só não rebentou pelas costuras porque a imensidão do deserto-savana à sua volta a todos acolhe sem oferecer resistência.
A ocupação de outros é fazer tijolos. Junto-me com eles e observo o seu trabalho. Há, também, quem trabalhe nos fornos de tijolos que fazem com barro ‘avermelhado’, a alguns kms de distância do campo. Estes são os tijolos ‘vermelhos’, que a gente mais abastada pode comprar.
Vejo mulheres que se afastam com o machado ou a sachola ao ombro. Vão procurar lenha e trabalho nos campos dos senhores árabes. Sentem o perigo e o risco de serem presa fácil da prepotência dos Janjauid que, a qualquer momento podem surgir. Assunto frequente de notícias: mulheres violadas, espancadas e abandonadas à morte. Mulheres que deixam como herança aos seus queridos o luto transformado em ódio, num sem fim de lutas e batalhas que fazem parte da calamidade humanitária do Darfur.
De volta para a missão há sintomas de perigo. Aqui e além há grupos que se vão formando. Ouvem-se comentários a meia voz. Já em casa, não quero acreditar no que o meu colega – o irmao Bepi Parisi – me diz, ao chegar de Talata, localidade a 2 kilómetros de Kalma. “O tiroteio continuou para além de três horas; dois mísseis voaram na direcção de Kalma, onde explodiram. As manchas de fumo que se viram no ar fazem-me pensar o pior” , - conclui o irmão missionário.
“Nazihin” (= desalojados) é uma palavra que devia ser retirada do dicionário” – afirmou, há alguns dias atrás, o presidente El Bashir à televisão nacional, tentando encobrir a verdade desta horrenda e vergonhosa situação. Mas viesse ele, o milagre de não ter que ser mais desalojado. Porém, o que está a suceder é precisamente o contrário. O campo de desalojados de Kalma tem crescido de uma forma assustadora. Só não rebentou pelas costuras porque a imensidão do deserto-savana à sua volta a todos acolhe sem oferecer resistência.
2 Comments:
E o mundo mediático ignora Darfur!
É preciso divulgar a opereta da Espanha X Venezuela.
Contrita me calo, mediante os fatos em Kalma.
PORQUE E QUE OS USA NAO DEITAM ABAIXO O GOVERNO SUDANES SE O SADAM ERA UM DITADOR O GOVERNO SUDANES E UM TIRANO SALVEM AS CRIANÇAS DO DARFUR
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