Os novos horizontes da missão Outubro é, na Igreja católica, celebrado como o mês missionário. Inclui o Dia Mundial Missionário (DMM), sempre no penúltimo domingo do mês, este ano no próximo dia 22. Esta semana é por isso sempre considerada a Semana Missionária por excelência.
Queremos deixar aqui, para partilha e reflexão, os campos mais importantes, hoje para a missão.
A urgência da primeira evangelização
No actual processo de secularização, os novos modelos da sociedade são construídos cada vez mais à margem de qualquer ponto de referência religioso. Às antigas mediações por onde passava a fé - a família, a escola, a cultura, o meio -deixaram de o ser. O número dos que não conhecem a Deus está em contínuo aumento.
A necessidade de uma primeira evangelização é cada vez mais urgente. Anunciar Jesus Cristo é a grande prioridade da missão no nosso tempo.
O direito à própria identidade
Todos os povos reclamam o direito a serem senhores da própria história e a reivindicarem «a igualdade de todas as raças e a igualdade de todas as nações». Diante da uniformização dos padrões culturais por parte das grandes potências, os povos tornaram-se ainda mais sensíveis à defesa dos seus próprios valores.
O anúncio do Evangelho passa pelo respeito da diferença e pela defesa dos seus valores culturais. Evangelizar, mais que converter, é acolher.
A solidariedade para com os mais fracos
A lei do mercado acentua a clivagem entre povos ricos e povos pobres. Após a queda do comunismo, toda agente teve que se sujeitar à globalização da economia, o que acabou por excluir do processo os que não podem competir.
A missão surge como opção pelos excluídos. Hoje não basta ajudar, é preciso lutar pela dignidade dos pobres, contra todas as forças que os oprimem. A justiça e a paz são hoje as grandes fronteiras da missão.
A defesa dos valores da pessoa
As leis do mercado e o investimento enorme na publicidade criaram a sociedade de consumo. Os próprios valores culturais tornaram-se produtos de consumo. Esta atmosfera anula todo o espaço para os valores da gratuidade, os valores da pessoa como tal, e marginaliza todos os valores que não são rentáveis: os espaços verdes, a criança, a pessoa de idade, a contemplação, etc.
A missão passa hoje muito pelos espaços da defesa da identidade da pessoa e dos seus valores. A pessoa vale pelo que é, não pelo que produz.
A promoção de uma verdadeira comunicação
Os media são hoje instrumentos ao serviço do poder: manipulam os valores. As decisões políticas, económicas e sociais são o resultado da manipulação da opinião pública. A sociedade mediática acaba por fazer avançar a dependência, a atitude consumista.
Como testemunhas do Reino, é-nos pedido que lutemos para fazer dos meios de comunicação areópagos da Boa Nova da informação, da comunhão entre as pessoas. João Paulo II falava dos meios de comunicação como primeiro espaço para a missão de hoje.
O testemunho da reconciliação e da paz
As rupturas nas tradições, o aumento rápido da população, as intervenções violentas das forças do mercado e dos media, a competição económica, levam à perda de referências sólidas, a sociedades violentas. A nossa missão neste contexto é formar para a paz, promover a reconciliação, defender os direitos dos mais débeis.
A missão hoje situa-se do lado de todas as vítimas da exclusão e da violência. As situações de conflito, os campos de refugiados, as franjas da exclusão e da marginalização são particularmente «terras de missão» do nosso tempo.
A. Torres Neiva in Vida consagrada