Questão de vida

Voz ou não voz!

O debate sobre o referendo do aborto, em Portugal, está ainda no começo (mais uma vez!!!), mas já ganha contornos interessantes (!?).
Há pouco tempo, o cardeal de Lisboa, D. José Policarpo, afirmava que a questão do aborto não era um problema religioso, mas humano.
Logo surgiram, como cogumelos, vozes concordantes, mesmo dos que não pensam como ele, de que sim senhor, isso não é um problema religioso, e portanto, a Igreja, e por consequência, os homens e mulheres “de Igreja” não se devem imiscuir deste assunto.
Vamos lá ver.

É verdade que o aborto não é uma questão “religiosa”. Isso não proibe que eu, que até sou crente, não me deva pronunciar, e até fazer campanha (pelo sim ou pelo não). Eu sou pessoa, antes de ser papa, bispo, sacerdote, religioso ou religiosa, leigo, crente ou descrente, ateu ou agnóstico, por ou contra o aborto.

A pobreza não é uma questão religiosa;
A guerra não é uma questão religiosa;
A violência não é uma questão religiosa;
A exclusão social não é uma questão religiosa;
O desemprego não é uma questão religiosa;
O racismo não é uma questão religiosa;
A vida não é uma questão religiosa;
A morte não é uma questão religiosa;
…….
Mas têm a ver com a vida.
E por isso qualquer que seja a pessoa, qualquer que seja a sua posição social, tem direito a pronunciar-se, a manifestar e defender as suas ideias e convicções.