Nunca sorria
Era uma moça linda, um corpo elegante, esguio. Com uma calma perfeita, estendia-se nua, em cima de uma tábua. Então o feiticeiro cobria-a de serpentes. Das mais venenosas, bem entendido. Fervilhantes, sibilantes, com as cabeças ameaçadoras levantadas...
Depois cobriam-na com um lençol. Adivinhava-se então o belo corpo imóvel, enquanto o pano se mexia sob a acção ondulante dos répteis...
Por fim, o feiticeiro tirava o lençol. A rapariga estava imóvel, serena, viva. À roda dos seus pulsos e dos artelhos, quatro serpentes formavam quatro braceletes. À roda do pescoço, uma víbora imunda e à cintura a terrível naja, tornada, de improviso, mansa.
A pessoa que me contou isto observou por diversas vezes esta terrível brincadeira. Ele estava certo de que as serpentes não estavam drogadas, que tinham os seus dentes, o seu veneno... E quem se avizinhasse era um homem morto...
A moça das serpentes parecia não ter qualquer medo....
Depois cobriam-na com um lençol. Adivinhava-se então o belo corpo imóvel, enquanto o pano se mexia sob a acção ondulante dos répteis...
Por fim, o feiticeiro tirava o lençol. A rapariga estava imóvel, serena, viva. À roda dos seus pulsos e dos artelhos, quatro serpentes formavam quatro braceletes. À roda do pescoço, uma víbora imunda e à cintura a terrível naja, tornada, de improviso, mansa.
A pessoa que me contou isto observou por diversas vezes esta terrível brincadeira. Ele estava certo de que as serpentes não estavam drogadas, que tinham os seus dentes, o seu veneno... E quem se avizinhasse era um homem morto...
A moça das serpentes parecia não ter qualquer medo....
Mas nunca sorria...
Raoul Follereau, in "Cinquenta anos com os leprosos"
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home