Ricos de coração
id milad said, ia abuna said
26 de Dezembro, quando já o sol quase se escondia. Passavam, em várias ruas de Nyala, autocarros e furgonetas abarrotadas de gente que alegremente cantavam ao Deus Menino em língua dinca. De um dos veículos alguém gritou: “id milad said, ia abuna said”! Boas festas de Natal, padre Feliz! “Estão a voltar de Bileil” – disse-me um polícia, também ele cristão, contagiado pela alegria.
Entrava em casa, quando um grupo de jovens me alcançou e vejo-me com uma folha de caderno, cuidadosamente dobrada, na mão. Uma mensagem do Michael, o responsável da escola de Bileil:
- “...Vieram os teus 2 colegas padres, as irmãs e muita outra gente de Nyala para celebrar o Natal connosco, aqui em Bileil. Porém a nossa alegria seria ainda maior se tivesses vindo com eles. Sabemos que o motivo da tua ausência não depende da tua vontade. Rezamos para que possas visitar-nos o mais depressa possível. Boas Festas...”
Sim, também eu tive imensa pena de não ter podido celebrar o Natal com aquela comunidade. Mas esta manhã, por mais difícil doloroso que tenha sido para todos nós, optei pela obediência às directivas do bispo de El Obeid e do meu superior provincial. Estes não se cansam de afirmar que a prioridade máxima é para a comunidade cristã, por amor da qual eu não devo arriscar em questões de segurança, sem motivos altamente graves. É que, em casos do género, quem sofre as consequências são os cristãos, pois poderiam ficar sem um missionário no terreno.
A paciência é uma das principais virtudes do missionário. Não seja por imprudência da minha parte que a missão de Nyala tenha que ficar privada de um membro da sua equipa missionária.
Já vai para três meses que o meu passaporte foi entregue ao governo central de Cartum, pedindo a renovação da licença de residência. Daí que, quando passo a soleira da porta da rua, recordo a mim mesmo a admonição de não dar ocasião a nada que desperte a atenção das autoridades. Neste momento, sou uma pessoa ilegal no país. Mas nós, missionários, vivemos em comunidade e onde alguém do grupo não pode chegar, o outro prontifica-se a substitui-lo.
Fico contente em notar que a comunidade de Bileil progrediu no esforço de se deixar cativar pela gente da minha terra lusitana com a campanha que tem feito pelo Darfur. Nas suas próprias palavras e atitudes vejo sinais de que não lhes falei em vão quando lhes disse quem são os amigos portugueses que puseram a escola em funcionamento. Que não são tão ricos de dinheiro quanto ricos de coração. Que a máquina de fazer dinheiro é incapaz de produzir algo de bom, se não for guiada pela máquina do coração.
Entrava em casa, quando um grupo de jovens me alcançou e vejo-me com uma folha de caderno, cuidadosamente dobrada, na mão. Uma mensagem do Michael, o responsável da escola de Bileil:
- “...Vieram os teus 2 colegas padres, as irmãs e muita outra gente de Nyala para celebrar o Natal connosco, aqui em Bileil. Porém a nossa alegria seria ainda maior se tivesses vindo com eles. Sabemos que o motivo da tua ausência não depende da tua vontade. Rezamos para que possas visitar-nos o mais depressa possível. Boas Festas...”
Sim, também eu tive imensa pena de não ter podido celebrar o Natal com aquela comunidade. Mas esta manhã, por mais difícil doloroso que tenha sido para todos nós, optei pela obediência às directivas do bispo de El Obeid e do meu superior provincial. Estes não se cansam de afirmar que a prioridade máxima é para a comunidade cristã, por amor da qual eu não devo arriscar em questões de segurança, sem motivos altamente graves. É que, em casos do género, quem sofre as consequências são os cristãos, pois poderiam ficar sem um missionário no terreno.
A paciência é uma das principais virtudes do missionário. Não seja por imprudência da minha parte que a missão de Nyala tenha que ficar privada de um membro da sua equipa missionária.
Já vai para três meses que o meu passaporte foi entregue ao governo central de Cartum, pedindo a renovação da licença de residência. Daí que, quando passo a soleira da porta da rua, recordo a mim mesmo a admonição de não dar ocasião a nada que desperte a atenção das autoridades. Neste momento, sou uma pessoa ilegal no país. Mas nós, missionários, vivemos em comunidade e onde alguém do grupo não pode chegar, o outro prontifica-se a substitui-lo.
Fico contente em notar que a comunidade de Bileil progrediu no esforço de se deixar cativar pela gente da minha terra lusitana com a campanha que tem feito pelo Darfur. Nas suas próprias palavras e atitudes vejo sinais de que não lhes falei em vão quando lhes disse quem são os amigos portugueses que puseram a escola em funcionamento. Que não são tão ricos de dinheiro quanto ricos de coração. Que a máquina de fazer dinheiro é incapaz de produzir algo de bom, se não for guiada pela máquina do coração.
P. Feliz, Nyala - Sudão
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