JOVENS & MISSÃO

Somos jovens! Somos Cristãos! Somos Missionários! Queremos ter sempre o coração e o espírito jovens, abertos e disponíveis ao mundo, à humanidade, à Missão, a Cristo. Procuramos viver na alegria, na esperança, no compromisso, no serviço. Só assim se "vive ressuscitado" com Cristo.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Refugiados


Não me sinto só

Aqui em Nyala é raro haver possibilidade de Internet/e-mail. As autoridades não querem testemunhas que mandem noticias para fora do país.
Mas o mundo sabe-o na mesma porque quase todas as Organizações mundiais não governamentais (ONG) que aqui trabalham nos socorros humanos – e são mais de 60 – estão bem apetrechadas com satélites. Até me lembrei poder usar os seus meios, mas a nossa vida fica “do outro lado dos satélites e não fica ao mesmo nível”… E talvez seja melhor assim, fazendo com que o nosso testemunho seja mais credível.
Nesta missão de Nyala estão comigo mais 3 combonianos: Irmão Parisi (italiano), Pe. Denima, (congolês), Pe. Jervas, (sudanês, ordenado há um ano). Estão também 4 missionárias das Irmãs da Caridade, também elas de carácter internacional.
Aqui é uma confusão de tropas e movimentos armados, sendo por vezes difícil saber quem é contra quem. Quando saio da cidade para visitar os cristãos, o mais que posso é chegar a Bileil, a quinze quilómetros da cidade.
Claro que há perigo, mas os soldados vão-me conhecendo e deixam-me passar. As capelas eram 140 e a mais distante ficava a cerca de 150 quilómetros. Mas desde que esta guerra rebentou no Darfur, não podemos ultrapassar os arredores da cidade. É muito arriscado e é-nos mesmo proibido. Fazemos o nosso trabalho por perto, com muito cuidado e atenção, informando-nos antes sobre os movimentos e paradeiros dos janjauid.
O ano passado, os soldados roubaram um carro da missão: contributo obrigatório que exigiram para combater os inimigos do nosso país – diziam. Carro novo em trinque, pilhado na estrada. Mas este que uso eu não mo roubarão porque está a cair aos bocados.
No pequeno raio em que nos podemos mover deu para ver alguns janjauid, montados em camelos ou cavalos. Vão sempre bem armados. Com esses é melhor pôr-se à distância. Matam sem dó nem piedade porque têm todas as licenças do governo. Misturam-se com a gente no mercado e nas várias aldeias que, quando se dão conta, desapareceram do mapa, literalmente.
No lugar da aldeia fica só a morte semeada com os corpos no chão. O resto das pessoas que escapam tentam chegar aos campos dos refugiados, ajudadas e socorridas, pelas ONG. Nós também procuramos lá chegar e ajudar no que nos for possível. Mas, geralmente, dedicamo-nos mais a uma presença espiritual.
Tive oportunidade de estar em dois dos vários campos de refugiados/deslocados: um panorama que não tem explicação nem descrição possível. Estes e outros campos foram-se enchendo de seres humanos que lutam por estar de pé.
Rezemos uns pelos outros. Não me sinto só. A missão é de todos nós.

 

1 Comments:

Blogger Ver para crer said...

Temos de ajudar a libertar esse povo.

6:47 da tarde  

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