Darfur 1
Khauaja
O P. Feliz Martins é Missionário Comboniano. Depois de alguns anos em Portugal, voltou em Setembro para a missão do Sudão. Foi destinado a Nyala em pleno Darfur.
Porque o Fé e Missão está a fazer uma campanha de informação, sensibilização e angariação de fundos para o Darfur e concretamente para o P. Feliz, aqui ficam extratos da sua última carta.
Ai, acabou-se o alcatrão! Que remédio senão abrandar!? É que o selim não é de estofo! Mais umas quantas pedaladas e já estou no “suq” (mercado). Hoje o desvio é obrigatório. A estrada principal é para as Forças Armadas que vão chegar. “Vêm trazer a paz ao Darfur” – anunciou a emissora nacional. Oxalá fosse verdade! Mas como podem trazer a Paz, se nas mãos têm instrumentos de guerra?
Desço da bicicleta e sou mais um no meio da multidão que se move, acotovelando-se, à procura de viver. Lentamente, vou fazendo caminho por entre a densa massa humana. Aparelhos de rádio ecoam no ar com discursos a cruzarem-se com músicas variadas. Vendedores gritam o melhor e mais barato produto do mundo. Cestas e potes com sementes e especiarias embebedam a atmosfera com os seus cheiros misturados. De repente, a bicicleta empancou. É o brincalhão do Yohana, um dos membros do conselho paroquial. Agarrando a roda dianteira com a sua mãozona, sai-se com mais uma das suas gracinhas de costume: “abuna (padre), e que tal se fizéssemos aqui a celebração da missa de Natal, no meio desta multidão?” Outras pessoas, que não conheço, cumprimentam-me e convidam a comprar na sua barraca. Sim, quase todos de religião muçulmana, pertencentes às muitas e variadas tribos darfurianas. Mas todos filhos de Deus que buscam a sua Luz.
Desço da bicicleta e sou mais um no meio da multidão que se move, acotovelando-se, à procura de viver. Lentamente, vou fazendo caminho por entre a densa massa humana. Aparelhos de rádio ecoam no ar com discursos a cruzarem-se com músicas variadas. Vendedores gritam o melhor e mais barato produto do mundo. Cestas e potes com sementes e especiarias embebedam a atmosfera com os seus cheiros misturados. De repente, a bicicleta empancou. É o brincalhão do Yohana, um dos membros do conselho paroquial. Agarrando a roda dianteira com a sua mãozona, sai-se com mais uma das suas gracinhas de costume: “abuna (padre), e que tal se fizéssemos aqui a celebração da missa de Natal, no meio desta multidão?” Outras pessoas, que não conheço, cumprimentam-me e convidam a comprar na sua barraca. Sim, quase todos de religião muçulmana, pertencentes às muitas e variadas tribos darfurianas. Mas todos filhos de Deus que buscam a sua Luz.
Finalmente, livre do suq, estou na direcção de Utach – o mais próximo dos campos de refugiados, mesmo à saída da cidade. Estendo o olhar ao longe: um mar de tendas brancas e azuis. À mediada que me aproximo e entro nas ruas desta “imensa aldeia” improvisada forçadamente pela guerra do Darfur, sinto, dentro de mim, que estou a pisar terra sagrada. “Natal sem Luzes”. De bicicleta à mão, vou-me perdendo e encontrando em vielas todas tão iguais. Bandos de meninos vestidos de poeira, rodeados de moscas que procuram amizades. São crianças iguais às de todo o mundo. Brincam e correm, contentes, não sabendo como e porquê vieram aqui parar. Ao passar no meio delas, repetem-me o já conhecido refrão: “Khauaja (estrangeiro), Okay, Khauaja, Okay”. Palavras que aprenderam e repetem quando vêem algum branco funcionário das Organizações de ajuda humanitária (ONG).
continua...
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